Analisando etimologicamente a palavra acólito, podemos ficar imediatamente com uma ideia daquilo que lhe compete na vida da Igreja. Na verdade, acólito vem do verbo acolitar, que significa “acompanhar no caminho”. Ou seja, o acólito é aquele que na celebração da liturgia acompanha, serve e ajuda todos os agentes participantes na mesma. Desde logo, o padre ou o bispo, mas também o diácono, o ministro extraordinário da comunhão, o leitor, o cantor (salmista), ou outros agentes relevantes em qualquer liturgia. Com o passar do tempo e com o evoluir das funções litúrgicas, o papel do acólito na Igreja generalizou-se e ganhou uma componente fundamental para a realização de uma “verdadeira” celebração litúrgica escorreita e completa. Ganha então o acólito uma dimensão evangelizadora, devendo a sua acção digna e aprumada registada no altar, estender-se para a sua vida pessoal, dando testemunho e sendo um exemplo no seu meio, nomeadamente na sua paróquia. Toda esta atitude de serviço assume então uma terceira dimensão: a transcendência. Em que já não servimos somente o Presidente da Assembleia ou os restantes agentes litúrgicos, mas o próprio Jesus Cristo no Altar da Eucaristia. Noutra perspectiva, não nos podemos esquecer que o acolitado poderá sempre ser visto como uma etapa e não como um fim no caminho para algo maior, nomeadamente o diaconado e, mais ainda, como um “viveiro de vocações sacerdotais” (João Paulo II). Terão sido certamente estas razões que inspiraram o emérito P. Carlos, primeiro Prior desta paróquia a formar um grupo de acólitos em S. Domingos de Benfica faz agora 50 anos! Só um projecto claro e amadurecido como o do P. Carlos permitiria chegar aos dias de hoje com esta pujança. Veja-se o Dr. Guilherme, querem melhor exemplo do que acabei de dizer! E foram igualmente essas razões que inspiraram todos ou quase todos os acólitos que passaram por esta Associação ao longo destes 50 anos. Muitas histórias poderiam ser contadas... Tantas que este espaço seria pequeno para tal! Histórias que, no fundo, são a história da nossa vida como grupo e das nossas vidas enquanto indivíduos inseridos numa comunidade paroquial. As gerações íam passando, os membros do grupo de acólitos foram entrando e saíndo numa cadência normal, mas nunca colocando em risco o exercício do mister na nossa paróquia. E assim chegámos aos dias de hoje! Em S. Domingos de Benfica todos estes preceitos e princípios supra referidos se aplicam. Ou melhor, as características específicas da nossa Associação (em que a maior parte dos acólitos são seniores já com muitos anos de experiência) permitem extrapolar aquilo que pode ser a participação do acólito na liturgia. Sendo um grupo coeso desde há muitos anos, atingiu um ponto de maturidade que possibilita uma maior dignificação e solenização dos actos litúrgicos. Podem crer, fazemo-lo com fé, com empenho, com prazer e com muita alegria. O nosso “abraço da paz” durante a celebração representa aquilo que somos no Altar e fora dele: verdadeiros amigos! No fundo, o acólito em S. Domingos de Benfica tem por obrigação pôr em prática toda a sua experiência ao serviço do altar. Numa atitude humilde, discreta e altruísta. De total serviço! Não devemos menosprezar estes méritos, embora devamos caminhar no sentido de uma melhoria constante e da tentativa de alcançar a perfeição. Na verdade, é o reconhecimento de que ela é inalcançável que nos anima a persegui-la... No seguimento da acção de S. Tarcísio e do Beato Francisco Marto, nossos padroeiros, exemplos supremos de dois jovens que se entregaram totalmente ao serviço, exultemos agora nas palavras do Beato João Paulo II: “... através do serviço do altar, cada um de nós aprenda a amar cada vez mais o Senhor Jesus, O reconheça realmente presente na Eucaristia e saboreie a beleza da liturgia.” Assim seja! 08-12-2013, Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, comemoração do 50º aniversário da Associação de Acólitos de São Domingos de Benfica. Rui Baltazar, presidente da Associação de Acólitos de São Domingos de Benfica |